O mês de outubro é dedicado à prevenção e combate ao câncer
de mama. A doença é a neoplasia mais comum entre as mulheres baianas e já matou
912 pessoas até o dia 18 de setembro, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia
(Sesab).
O número representa uma média de aproximadamente três mortes
por dia no estado ou 106 por mês. Ao longo de 2024, foram contabilizadas 1.349
óbitos. O número de internações até setembro foi de 2.842 – em 2024, esse
número chegou a 5.259.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que a
Bahia deve registrar 4.230 novos casos neste ano. Entre os fatores de risco
estão a idade avançada, menopausa tardia, histórico familiar e o consumo de
álcool. Também é importante estar atento a sinais como alterações no contorno
natural da mama, nódulos locais ou na axila, retrações e secreções no mamilo.
O mastologista Ezio Novais reforça a importância do
diagnóstico precoce no combate à doença. Segundo ele, a detecção do câncer no
estágio inicial garante uma chance de até 90% de cura da paciente.
“A pessoa pode perceber algum tipo de caroço ou área mais
espessada na mama, o que já seria o suficiente para procurar o médico. No
entanto, a maioria dos casos em fase inicial são assintomáticos, sendo difícil
de ser percebido até pelos médicos. Daí a importância, de exames como a
mamografia e a ultrassonografia mamária, já que eles detectam o câncer antes de
ser palpável”, diz.
Ele também explica que a mulher deve iniciar o acompanhamento médico aos 25 anos, indo ao menos uma vez no ano. Já a mamografia, principal método de detecção da doença, deve ser feita de forma regular a partir dos 40. A exceção vai para pacientes com histórico da doença na família, que devem começar a realizar os exames mais cedo.
“Mulheres cuja mãe ou irmã, por exemplo, já tiveram câncer
de mama costumam receber um acompanhamento mais próximo e realizar a avaliação
com mais frequência. O tratamento pode ser feito através de cirurgia,
quimioterapia ou radioterapia, com a combinação dos procedimentos definida a
depender do caso”, explica.
A engenheira de produção Greici Campos, 35, recebeu o
diagnóstico há três anos. Ela conta que já realizava o acompanhamento com
mastologista devido ao fato de sua mãe ter tido câncer de mama há mais de duas
décadas. Após identificar um nódulo com desenvolvimento anormal, ela decidiu
investigar mais a fundo e constatou a presença do tumor.
“Por ter tido essa vivência na família, já tinha um certo
conhecimento sobre a doença. Ainda assim, é sempre assustador o diagnóstico,
principalmente, pelo fato de o câncer ainda ser tratado como uma sentença de
morte. Então, o baque inicial foi muito grande”, explica.
Suporte
Para o tratamento, Greici realizou um procedimento de
mastectomia (retirada cirúrgica da mama), seguido de 16 sessões de
quimioterapia e outras 15 de radioterapia. O processo durou cerca de seis meses
e, desde então, ela faz acompanhamento periódico.
“Foi um processo bem difícil, especialmente a primeira
etapa. Iniciei o processo no modo sobrevivência, de fazer o que precisava ser
feito. É psicologicamente doloroso, mas tive o suporte de família e amigos que
garantiram que estivesse sempre rodeada de cuidados. Não foi fácil, mas tive
apoio”, afirma.
“É importante frisar que a cirurgia retira apenas uma parte
da mama e a preserva esteticamente. A retirada total ocorre em casos em que o
nódulo está num estágio mais avançado e a paciente pode fazer a reconstrução no
mesmo procedimento. Essa é uma técnica realizada há mais de 20 anos e que pode
ser feita por todas as pacientes”, ressalta o mastologista.
No processo de recuperação, Greici também contou com
acompanhamento psicológico e fisioterapia. Após o tumor entrar em remissão, ela
fez mudanças no seu estilo de vida, passando a realizar atividade física.
“Eu passei a ter atenção com a minha alimentação e com o meu sono. Essa foi uma chave que mudou na minha vida e passei a seguir à risca. Não tomo mais medicamento, então tenho que fazer o máximo para que meu corpo não volte a ter a doença. O câncer mexe muito com o seu psicológico, então, você fica a todo tempo em estado de alerta”, lembra. (Correio 24h)


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