segunda-feira, 21 de julho de 2025

Moraes proíbe redes sociais de transmitirem entrevistas de Bolsonaro e ameaça com prisão em caso de descumprimento

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (21) que entrevistas concedidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro não podem ser transmitidas, retransmitidas ou divulgadas em plataformas de redes sociais.

A decisão amplia as restrições impostas ao ex-mandatário e estabelece que o descumprimento poderá levar à sua prisão preventiva.

Segundo a nova ordem judicial, qualquer conteúdo de entrevistas em áudio, vídeo ou transcrição que circule em perfis de terceiros nas redes sociais será considerado uma violação direta às medidas cautelares impostas a Bolsonaro, acusado de tramar um golpe de Estado.

A decisão surge após Bolsonaro, na última sexta-feira (18), ter sido obrigado a usar tornozeleira eletrônica e proibido de manter contas ou interações nas redes sociais.

À época, Moraes citou, entre outros pontos, suposta tentativa do ex-presidente de influenciar o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, o qual, em resposta à situação política no Brasil, impôs uma tarifa de 50% a produtos brasileiros.

Em entrevista concedida à Reuters, Bolsonaro havia classificado as medidas como “covardia” e sinalizado que manteria contato com a imprensa para garantir que sua voz continuasse sendo ouvida.

Especialistas divergem sobre os efeitos práticos da decisão. O professor de direito Ivar Hartmann, do Insper, entende que entrevistas ainda são permitidas, desde que não sejam usadas para burlar a proibição de comunicação nas redes. Já a advogada constitucionalista Vera Chemim acredita que o ex-presidente vive uma situação jurídica instável, onde qualquer passo em falso pode ser interpretado como tentativa de driblar as restrições, abrindo caminho para sua prisão.

Bolsonaro chegou a cancelar uma entrevista que seria transmitida ao vivo por uma emissora local no YouTube nesta segunda-feira, em sinal de cautela.

O STF não comentou oficialmente os desdobramentos da decisão. Assessores de Bolsonaro também preferiram não se manifestar. O ex-presidente tem negado, reiteradamente, qualquer irregularidade.

A atuação do Supremo tem provocado reações internacionais. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, classificou as ações contra Bolsonaro como “caça às bruxas política” e afirmou ter revogado os vistos de Moraes, de outros magistrados da Corte e de seus familiares.

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